sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Carlos Drummond de Andrade - Caso Pluvioso


Quem gosta de barulho de chuva aí?
Eu gosto demais!
Pensando nisso, lembrei desse poema:


Caso pluvioso

A chuva me irritava. Até que um dia
descobri que Maria é que chovia.
A chuva era Maria. E cada pingo
de Maria ensopava o meu domingo.

E meus ossos molhando, me deixava
como terra que a chuva lavra e lava.
Eu era todo barro, sem verdura...
Maria, chuvosíssima criatura!

Ela chovia em mim, em cada gesto,
pensamento, desejo, sono, e o resto.
Era chuva fininha e chuva grossa,
matinal e noturna, ativa... Nossa!

Não me chovas, Maria, mais que o justo
chuvisco de um momento, apenas susto.
Não me inundes de teu líquido plasma,
não sejas tão aquático fantasma!

Eu lhe dizia em vão - pois que Maria
quanto mais eu rogava, mais chovia.
E chuveirando atroz em meu caminho,
o deixava banhado em triste vinho,

que não aquece, pois água de chuva
mosto é de cinza, não de boa uva.
Chuvadeira Maria, chuvadonha,
chuvinhenta, chuvil, pluvimedonha!

Eu lhe gritava: Pára! e ela chovendo,
poças d'água gelada ia tecendo.
Choveu tanto Maria em minha casa
que a correnteza forte criou asa

e um rio se formou, ou mar, não sei,
sei apenas que nele me afundei.
E quanto mais as ondas me levavam,
as fontes de Maria mais chuvavam,

de sorte que com pouco, e sem recurso,
as coisas se lançaram no seu curso,
e eis o mundo molhado e sovertido
sob aquele sinistro e atro chuvido.

Os seres mais estranhos se juntando
na mesma aquosa pasta iam clamando
contra essa chuva estúpida e mortal
catarata (jamais houve outra igual).

Anti-petendam cânticos se ouviram.
Que nada! As cordas d'água mais deliram,
e Maria, torneira desatada,
mais se dilata em sua chuvarada.

Os navios soçobram. Continentes
já submergem com todos os viventes,
e Maria chovendo. Eis que a essa altura,
delida e fluida a humana enfibratura,

e a terra não sofrendo tal chuvência,
comoveu-se a Divina Providência,
e Deus, piedoso e enérgico, bradou:
Não chove mais, Maria! - e ela parou.

Carlos Drummond de Andrade

Ouça no link abaixo uma excelente interpretação na voz de Paulo Autran:



terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Hipóteses

O que será que leva um(a) colega professor(a) ficar parado(a) no corredor, observando enquanto dou aula?
a-     Ele(a) se acha a experiência em pessoa e quer ver se o que estou ensinando está dentro dos documentos oficiais da Educação brasileira.
b-    Ele(a) se acha muito eficiente, já terminou de fazer o seu trabalho e agora se acha no direito de checar minha didática.
c-     Ele(a) não tem mais nada pra fazer na vida.
d-    Ele(a) só queria pedir um piloto emprestado e eu é que sou muito má de ter pensado tudo isso dele(a).
e-     Todas as opções anteriores, dependendo da ocasião e do contexto.

Minha primeira produção de um livro chamado “Vida de Sofressora”. Só que não!

sábado, 19 de outubro de 2013

4ª avaliação de Redação (9º ano)

LEITURA, INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO TEXTUAL

Leia a coletânea de textos abaixo, interprete a temática que permeia todos eles e, a partir desta, elabore um texto dissertativo, em que você deverá empregar a intertextualidade, correlacionando as idéias presentes nos textos lidos, através do recurso da paráfrase. Se achar necessário fazer citação, cuidado para não fazer de seu texto “uma colcha de retalhos”; limite-a a apenas duas ou três linhas. Seja original. Dê um título criativo ao seu texto. Sua redação deve ter entre 20 e 30 linhas.
Concentre-se e boa prova!
Casa no Campo
Interpretação: Elis Regina
Composição: Zé Rodrix e Tavito
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
Meu filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
E nada mais



Nem um dia
Composição: Djavan
Um dia frio
Um bom lugar prá ler um livro
E o pensamento lá em você
Eu sem você não vivo
Um dia triste
Toda fragilidade incide
E o pensamento lá em você
E tudo me divide

Longe da felicidade e todas as suas luzes
Te desejo como ao ar
Mais que tudo
És manhã na natureza das flores

Mesmo por toda riqueza dos sheiks árabes
Não te esquecerei um dia
Nem um dia
Espero com a força do pensamento
Recriar a luz que me trará você

E tudo nascerá mais belo
O verde faz do azul com o amarelo
O elo com todas as cores
Pra enfeitar amores gris



Estudo confirma que passeio na fazenda alivia o estresse
Um estudo realizado no Reino Unido comprovou o que muitos já desconfiavam ou tinham certeza – passar um tempo em uma fazenda pode aliviar o estresse e o cansaço. Avaliando grupos de pessoas com idades entre 18 e 84 anos que haviam visitado o campo, os pesquisadores da Universidade de Essex constataram que 95% das pessoas estavam menos cansadas, 91% estavam menos tensas e 55% se sentiram revitalizadas. E os autores destacam que mesmo apenas duas horas em contato com a natureza e com os animais podem fazer grande diferença, pois as atividades podem ajudar as pessoas a se livrarem das sensações de raiva, confusão e depressão.

http://blogboasaude.zip.net/arch2008-05-25_2008-05-31.html (30/05/2008)

Férias são importantes para a saúde mental, dizem especialistas
Tirar férias, ficando longe das preocupações do trabalho e da agenda diária, é importante para a saúde mental, segundo especialistas da Universidade do Texas. Eles destacam que, enquanto algum nível de estresse pode ajudar a cumprir metas e acelerar projetos e realizações, o estresse em demasia pode resultar em reações fisiológicas negativas no corpo, que podem facilitar o desenvolvimento de doenças. “O cérebro precisa de descanso agora e sempre”, pois, segundo o psiquiatra e neurologista Munro Cullum, cada vez mais as pessoas estão afundadas em estresse, com excesso de informações, listas de coisas a fazer e coisas para se lembrar, como senhas, procedimentos e compromissos. E “as férias devem durar um tempo suficiente para desestressar, embora uma pequena pausa possa rejuvenescer um pouco”.
http://blogboasaude.zip.net/arch2008-05-25_2008-05-31.html (28/05/2008)


Uso de celular na gravidez pode afetar comportamento dos filhos?
Mães que usam o celular durante a gravidez, e aquelas que deixam os filhos pequenos usarem esses telefones, podem aumentar os riscos das crianças terem problemas sérios de comportamento, segundo estudo da Universidade da Califórnia. Os cientistas avaliaram mães de mais de 13 mil crianças de sete anos sobre diversos fatores durante a gestação que poderiam afetar, em longo prazo, a saúde das crianças. E eles descobriram que o uso do telefone celular pela mãe na gravidez estava relacionado com 54% maior risco de problemas de comportamento nas crianças – problemas emocionais, de conduta e de sociabilidade, e hiperatividade. Porém, os autores alertam que isso não deve ser encarado como uma relação causal, deixando as mães preocupadas, pois é apenas uma associação estatística, podendo ser afetada por outros fatores.
http://blogboasaude.zip.net/arch2008-05-25_2008-05-31.html (26/05/2008)

BOA PROVA!

3ª avaliação de Redação (9º ano)

LEITURA, INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO TEXTUAL

Leia a coletânea de textos abaixo, procurando identificar as teses e argumentos desenvolvidos por seus autores e escreva um texto dissertativo-argumentativo em prosa sobre o assunto em questão, posicionando-se contra ou a favor (d)os principais argumentos apresentados. Você poderá se utilizar de outras informações e argumentos que julgar relevantes para o desenvolvimento de seu texto, mas cuidado para não fugir ao tema. Dê um título original ao seu texto. Sua redação deverá ter uma extensão mínima de 20 linhas e máxima de 30 linhas.
Concentre-se e boa prova!


O horário gratuito de propaganda eleitoral:
é uma “chatice” ou uma esperança de um Brasil melhor?

“No Brasil, a cada quatro anos (ou dois, dependendo da circunstância) ocorrem as eleições para a escolha de novos representantes políticos mais importantes: o presidente, os senadores, os deputados (estaduais e federais), os governadores, os prefeitos e vereadores. Nos meses anteriores às eleições, as redes de TV são obrigadas, por lei federal, a reservar um espaço de uma hora diária de sua programação, no chamado ‘horário nobre’ (isto é, em torno das 20h30, período em que existe o maior número de telespectadores com seus aparelhos de TV ligados), para a veiculação da propaganda dos partidos políticos.
Os donos de emissoras argumentam que essa lei prejudica a ‘liberdade de programação’ das redes de TV, julgando portanto ‘antidemocrática’ a reserva de espaço na mídia para a veiculação de propaganda partidária. Podemos nos perguntar: o que está de fato em jogo, quando os donos de emissoras (grandes capitalistas, portanto, que visam ao lucro de seu negócio, como em qualquer outro setor de atividade capitalista) reclamam deste tempo concedido?
Na verdade, é justamente o contrário do que dizem os empresários das redes de TV. Por serem os países subdesenvolvidos carentes de populações ‘letradas’, as redes de TV é que acabam ‘educando’, já que são o meio de comunicação mais utilizado. Assim, a única possibilidade de acesso às propostas políticas dos diferentes candidatos é no ‘horário nobre’, quando a maioria das pessoas está com o televisor ligado.
Se as pessoas participassem de sindicatos, reuniões de partidos políticos, associações de bairro, ou mesmo se tivessem acesso freqüente a jornais, revistas e livros (a chamada mídia impressa), talvez nem fosse tão importante o horário político gratuito nas redes de televisão.
Será, portanto, antidemocrática a reserva desse espaço, ou será o contrário: a televisão é a última esperança num país pobre como o Brasil, de que as pessoas se informem sobre a mais importante questão democrática, que é a eleição de nossos representantes políticos?”

ADAS, Melhem. Geografia – 8ª série. São Paulo: Moderna, 2002.



O fim do horário eleitoral gratuito

O horário eleitoral gratuito é uma das maiores garantias da sociedade de que vai ter acesso à informação política. De que não são apenas os partidos ricos que vão conseguir fazer propaganda.
Em um Brasil em que os partidos comprassem o seu horário na TV, o que aconteceria seria simples: apenas os partidos mais ricos conseguiriam divulgar decentemente suas propostas. O resultado seria o fim da alternância no poder. Seríamos parecidos com os Estados Unidos, aquele lugar onde um partido só assume dois nomes diferentes e se mantém eternamente no poder.
Graças ao horário eleitoral gratuito, as pessoas vêm aprendendo a votar. Podem comparar propostas e, aos poucos, vêm aprendendo a separar o joio do trigo.
Adaptado do texto de Rafael Galvão – Vox Populi


O horário eleitoral gratuito transformou-se em ferramenta de manipulação e mistificação. Nasceu como um grito de liberdade em um momento em que a ditadura sufocava o debate político e teve um papel importantíssimo na abertura política e na construção da democracia de que gozamos hoje. Mas, atualmente, transformou-se num espaço de propaganda fantasiosa, chavões, irrealismo e ilusões, sem lugar para o debate de idéias e propostas sérias, construtivas, de futuro. Nada ali contribui para o aperfeiçoamento da democracia, nem da representação política. Constroem-se imagens, escamoteiam-se realidades.
Adaptado do texto de Luiz T. Ladeira - Vox Populi, Seção Debates

BOA PROVA!

2ª avaliação de Redação (9º ano)

Observação: você receberá uma folha para fazer os rascunhos e outra para passar seus textos a limpo, depois de revisar os rascunhos. Ao final da prova, entregue as duas folhas.

1)    O artigo abaixo, de Içami Tiba, está dividido em duas partes (como se pode ver pelos subtítulos em negrito), porém os parágrafos estão desordenados. Tomando como base o conhecimento construído em sala de aula a respeito da estruturação do texto dissertativo, numere os parágrafos do artigo abaixo de forma que eles fiquem expostos numa ordem coerente. A seguir, justifique a numeração que você propôs, em um parágrafo dissertativo, usando as dez linhas abaixo do texto.

Dia das Crianças
Veículo: Revista Viva São Paulo
Data: 01/10/2007
Cidade: São Paulo
Coluna: Pais & Filhos
Para as crianças, qualquer dia é dia delas...
(   ) Entretanto, com tudo isso, por que as crianças continuam tiranizando os pais? Fazem birras; não querem dormir sozinhas nas suas caminhas; respondem ofensivamente aos pais; não guardam os próprios brinquedos; são mal-agradecidas; não querem comer mais nada além de batatas fritas; gritam, socam, chutam e mordem os pais e brigam tanto entre si, principalmente se forem irmãos...
(   ) Não sou contra as crianças, pelo contrário, gosto muito delas. Mas não posso aceitar certas “coisas” que elas fazem e atingem os outros, principalmente os próprios pais. A mãe nunca abandona seus filhos. Exemplos há de sobra. Em crianças que já estão condenadas por gravíssimas enfermidades, quando todos já as abandonaram, já desistiram delas, lá estão as mães, abandonando suas próprias vidas para se dedicarem, mesmo perdendo seus maridos e colocando em risco seus casamentos. Portanto as mães, que deveriam ser as últimas pessoas a serem agredidas, são as primeiras a serem maltratadas por seus próprios filhos. Isso é inaceitável.
(   ) No começo da vida, enquanto não entendem de obrigações, as crianças querem fazer o que desejam todos os dias. Mas os pais que acham que os desejos infantis devem ser satisfeitos para não traumatizá-las, que custa pouco saciar as vontades dos pimpolhinhos, que perdoam suas ações mal-educadas porque “as crianças não sabem o que fazem”, que por estarem tanto tempo longe delas, quando juntos não resistem sequer a uma frustraçãozinha, acabam reforçando a idéia de que “todos os dias são das crianças”, ou seja, os desejos e as vontades delas são soberanas em relação aos adultos que elas conhecem.
Dia da criança educada
(   ) A criança precisa do olhar da mãe. Para resolver a questão, basta então que a mãe não olhe para ela. A sua presença física, mesmo que não olhe o filho, é suficiente para que ele continue uma birra. Sabiamente, diz a psicologia infantil, que se a mãe corre a criança se assusta e acaba correndo atrás. Mas se a mãe sai andando calmamente, a criança continua brincando ou na birra e tudo permanece igual.
(   ) Quando não agüenta mais o vexame público e os escândalos, está na hora de não ceder mais. Sugiro que nesse momento a mãe simplesmente se retire rapidamente da loja, deixando tudo o que está no carrinho e saia rapidinho, quase correndo, com passos firmes e não olhe para trás, mais especificamente para a birrenta que logo sairá correndo atrás dela.
(   ) Não sou contra o “Dia das Crianças”, mas não aceito que nesse dia seus comportamentos sejam piorados. O que eu gostaria é que esse dia fosse mais educativo ainda que os outros, que deveriam ser também mais educativos que simplesmente terem seus desejos satisfeitos.
(   ) A birra existe porque dá resultados. Ela representa que a criança quer transformar o “não” da mãe em “sim”. Então a criança usa todos os recursos que aprendeu com a própria mãe, ou seja, a mãe que satisfaz a criança após uma birra está preparando para que ela apronte birra na próxima vez que quiser outro brinquedo. É a própria mãe que autoriza as birras. Basta a mãe não ceder que a criança aprende que o seu “não” deve ser respeitado.
(   ) O que eu percebo é que nessa data as crianças pioram nos seus desejos e os pais não medem esforços, fazem até mesmo sacrifícios para dar o que elas desejam. Jocosamente transformo-a em “Dia da Birra das Crianças”, “Dia dos Vexames das Mães” ou mesmo “Dia do Vendedor de Brinquedos”. Fazem bem as escolas que estimulam os pequenos a criarem seus próprios brinquedos nas aulas de arte, assim como já fazem para os dias dos pais e das mães.
Içami Tiba.

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2)    Agora, imagine que você é Içami Tiba e escreva um texto narrativo em primeira pessoa, contando um episódio que tenha presenciado em um shopping no “Dia das Crianças”. Descreva o lugar, as pessoas, e depois conte o que aconteceu. Use a extensão de 15 a 30 linhas.

BOA PROVA!

1ª avaliação de Redação (9º ano)

Observação: você receberá uma folha para fazer os rascunhos e outra para passar seus textos a limpo, depois de revisar os rascunhos. Ao final da prova, entregue as duas folhas.


1)    Tomando como base o conhecimento construído em sala de aula a respeito da estruturação do parágrafo dissertativo, delimite (com um traço ou uma barra) os parágrafos do artigo de Rosely Sayão e, a seguir, justifique a divisão que você propôs, em um parágrafo dissertativo, usando as dez linhas abaixo do texto.


Educação por dinheiro
Um leitor, certa vez, contestou meu costume de repetir à exaustão que considero o ato de educar tarefa bastante árdua. Pediatra, ele disse que esse conceito poderia deixar pais e professores intimidados com sua função educativa e, dessa maneira, inibir ainda mais suas já tímidas atuações. Devo dizer que dialoguei com essa oposição por muito tempo. Será que apontar um trabalho como árduo poderia fazer as pessoas desistirem dele em vez de o tomarem como desafio? Ainda não me convenci de que não é produtivo dizer aos pais e professores que educar é tarefa árdua, pois ela o é. Podemos constatar, entretanto, que os educadores, de um modo geral, não acreditam que os mais novos possam criar um desafio frente a exigências rigorosas. Foi nisso que pensei quando li recentemente uma notícia sobre alunos de uma faculdade paulista que receberam a promessa de um prêmio econômico em troca do comparecimento e de boas notas no Enade. Não fiquei muito espantada com o fato, para falar a verdade. Já faz tempo que tenho conhecimento da oferta de pequenos prêmios a universitários em troca de sua dedicação aos estudos. Uma professora, por exemplo, contou que leva bombom de chocolate para dar aos alunos que fizerem os exercícios propostos em aula; outra tem levado pastilhas aos alunos que ficam com sono e dormem durante a exibição de vídeos da matéria que leciona. Por que a oferta de prêmio em dinheiro seria diferente disso? O fato é que essa prática pode evidenciar que não estamos convencidos de que os mais novos queiram, possam e devam empregar altas doses de esforço e energia a não ser em algo que lhes dê prazer imediato. Não temos convicção de que eles possam descobrir algum prazer no trajeto da empreitada. Não admitimos que eles tenham condição para tanto. Pode ser que a adoção dessa prática nada tenha a ver com crianças e jovens, mas com os próprios educadores. Talvez eles não acreditem na potência do ato educativo, não confiem em sua capacidade de mediar positivamente a relação de quem aprende com a aprendizagem, não se vejam capazes de provocar desafios. De qualquer modo, deixamos de exigir dos mais novos e passamos a querer comprar suas atitudes. Pais e professores fazem o mesmo, com filhos e alunos de todas as idades, não apenas os universitários. Vamos fazer uma breve retrospectiva: pais cujos filhos estão próximos do exame vestibular oferecem prêmios – não raro um carro ou uma viagem ao exterior – para que eles se dediquem aos estudos e entrem numa boa faculdade. Filhos menores sempre podem ganhar um dinheirinho ou um presente para dar conta de obrigações familiares e/ou domésticas, como levar o cachorro para passear ou arrumar a cama. Crianças na primeira infância recebem prêmios por "bom comportamento" etc. Há uma semana falamos sobre atos entre crianças que, no mundo adulto, chamamos de corrupção. Nesse caso, fazem falta a educação e o acompanhamento. Hoje, tratamos de adultos que corrompem os mais novos com ofertas materiais em troca de determinação, dedicação e esforço. Seria falta de quê, neste caso?
Escrito por Rosely Sayão, em seu blog, em 23/11/2007.

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2)    Agora, escreva uma carta argumentativa a Rosely Sayão, expondo seu ponto de vista sobre o tema da “educação por dinheiro”. Você pode se posicionar contra ou a favor dos argumentos da autora. Responda ao questionamento que ela faz no final de seu artigo, usando argumentos bem fundamentados e conte uma história (em um parágrafo narrativo) que exemplifique sua opinião. Lembre-se de obedecer à estrutura de uma carta argumentativa. Use a extensão de 15 a 30 linhas.


BOA PROVA!